xabor. bigada. sempre!


Pontos prévios: eu sei que a Mimi ainda não tem dois anos (está quase lá); também sei que existirão fases em que não será assim e vai recusar-se ao que lhe peço; e, o mais importante, sei tanto da minha rigidez e intolerância como da minha capacidade ainda maior de a encher de beijos, de abracinhos, de mimos e de tudo o que faz de nós uma família ainda mais feliz.



A Mimi falou relativamente cedo, com as palavras costumeiras: mãe, pai, não, papéu, lua, xim,... Entretanto, pareceu-nos que a aquisição da linguagem foi dos processos mais rápidos por que passou até agora. Neste momento, cria frases simples mas inteiras, com uma composição perfeita: “a mãe tem cóciga.”; “a Mimi qué comé.”; “não faz isso”; e por aí fora. Ao mesmo tempo, o que diz é bastante percetível e não requer grande esforço de entendimento por parte de quem a ouve.

Mal começou a mostrar interesse pela comunicação oral e vontade em falar, começamos a fazer-lhe ver que, depois de lhe fazerem algo, deveria dizer obrigada. (– Como é que se diz, Mimi? – ‘Bigada!)  Fazíamo-lo sempre que se proporcionava e, diariamente, quando a íamos buscar ao Externato. (– O que é que se diz à Mónica? – ‘Bigada!). Já o faz quase sempre mas, se for preciso lembrar, lembramos e o ‘bigada sai imediatamente.

Uns tempos depois, o processo do “por favor”. (- Mãe, água. – Como é que se diz? – Xabor!). Boa, miúda! Já não precisamos, hoje, de dizer nada. A Mimi pede alguma coisa e, quando se esquece das palavrinhas obrigatórias, a mãe ou o pai fazem o seu olhar número seis, indicativo de que falta a delicadeza, e logo salta um “fabor”.

Esta mãe que vos escreve é um pouco muito intolerante a falta de regras e de educação. Podem chamar-lhes palavrinhas mágicas, o que quiserem. Por aqui, é educação e crescimento. Engraçado ver que as pessoas ficam admiradas quando a Mimi agradece ou pede por favor. Entendo que ela é pequenina e isso surpreenda. Mas não será apenas isso. Parece-me que a admiração está precisamente na exceção.


Volto a dizer que sei que teremos fases em que se recusará a fazê-lo. Cá estaremos para, com carinho e paciência, voltar a ligar os pontos essenciais. Reitero da consciência da minha rigidez em muitos aspetos da educação de uma criança, que considero fundamental e quanto mais precoce mais eficaz. Ao mesmo tempo, no devido tempo (que é quase todo o dia, na verdade), a Mimi vive rodeada de mimo e de carinho e, sim, é muito mimada também. Acrescento ainda que sei que a Mimi não é mais nem diferente dos bebés da sua idade. No entanto, a Mimi é, naquilo que nos é possível, aquilo que os pais a levam a ser e a fazer. E, se for mais cedo do que tarde, tanto melhor.

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