"O que leio e não esqueço"



Raramente leio biografias. Por nenhum motivo em especial, mas se li duas ou três foi muito.


No ano passado, quando ainda conseguia pegar num livro e ler, ler, ler (thanks MiMi), comprei "O que vejo e não esqueço", de Catarina Furtado.





Além de bonita, elegante, simpática, sempre lhe admirei o lado humano, a capacidade de ir e fazer. Deve ser gigante o murro no estômago quando estamos perante as realidades a que milhões desviariam o olhar.

Li cada página de forma sôfrega, fascinada e, ao mesmo tempo, duplamente triste. Triste, primeiro, porque há livros que não são ficção e vidas que não são vidas; crianças que sobrevivem e adultos que ajudam outros adultos a sobreviver. Triste porque há mundos que não posso mudar e esse, sim, é o meu sonho maior. Aos 35, continuo a acreditar que podemos dar a mão a alguém e devolver sorrisos e, mais ainda, que, um dia, ainda vou conseguir fazê-lo. 

Ficaram, em muitas páginas, a solidariedade, a iniciativa, a capacidade de fazer das pedras casas e da farinha pão. Ficaram as reais histórias de quem tem família e cria novas famílias, juntando os de sangue aos laços que a vida dá. Ficaram as imagens que a Catarina partilhou e que, sem abrir o livro, vejo muitas vezes. Ficou, ainda mais, a vontade de que, um dia, tudo seja diferente e se concretize.

Raramente leio biografias e tão-pouco as recomendo (aliás, livros não se recomendam). Mas este vale bem a pena. Será algo que, a ler, não se esquece.

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