paz

Hoje o dia começou com uma conversa sobre guerra e paz, sobre matar ou morrer. Falavamos, também, sobre isso entre amigos, no sábado à noite. Foi o tema de almoço, no trabalho, há uns dias atrás. Parece, pelos piores motivos, ser o tema do dia.

Eu sou pela vida, pela paz, pelas tentativas até ao último segundo. Não podem matar-se inocentes, crianças ou idosos, homens ou mulheres. Não podem. Não entendo. Leve-me a racionalidade até à última instância que eu continuarei a jurar que não, que não entendo. 


Ao contrário também do traço linear que diz que idade traz serenidade, também aí o meu espírito difere. São constantes as voltas no estômago, enquanto leio notícias, enquanto vejo imagens que nem na ficção existiriam, fosse a minha vontade prevalecer. E choro. Tenho um problema de obediência lacrimal, provocado sobretudo pela angústia, pelo aperto no peito, pela impotência. Gostava, gostava mesmo (com tudo aquilo que o gostar implica) de poder agarrar naquelas pessoas e dar-lhes um abraço. Um abraço apertadinho. E que sorrissem. Que sorrissem sempre...

Se nascemos para ser felizes? Sim. Sim. Sim. Mil vezes sim.

Consta (ainda acredito ser boato) que eu chorava até a ver a Lassie. Choro a ver noticiários, a ver imagens como esta,a ler, a ver filmes, a escrever, com saudades. Mas uma dor maior é esta que hoje escrevo. A dor da impotência, a dor dos outros em mim, a dos milhares de olhos tristes, de pés descalços, de corpos sujos em procura da sobrevivência, da fome, do silêncio, da opressão, das crianças que não entendem e estão ali, dos pais que não as podem proteger, dos avós que também nunca foram protegidos. 

Começou o meu dia com esta conversa. E, pouco depois, uma música que ainda não tinha ouvido e que vale partilhar. Aqui.  A música ainda é uma arma que também toca. E que nos toca.

Por Bagdad, Chicago, Gaza, Israel ou Nigéria mas, sobretudo, pelos meus...pelos que têm fome aqui ao lado, pelos que dormem na Gare do Oriente e em Santa Catarina e em todas as ruas do meu país, pelos que lutam de sol a sol pelo pedaço de terra que lhes dá alimento, pelos meus amigos que têm de emigrar e por todos os outros que vão também, pelos que lutam pela dignidade, pelos meninos que fazem quilómetros para ir à escola e pela educação que escasseia, pelos que perdem sonhos pelo caminho e fazem do sorriso um lugar remoto.

Por todos eles e porque também é importante estar aqui. 
Estúpido mundo, este.


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