Ao B. O mundo, hoje, para ti.


Eu sei que todos os dias saem muitas pessoas do meu país.
Eu sei que, dessas dezenas de pessoas que saem do meu país, a maioria são jovens.
Desses jovens que, todos os dias saem do meu país, conheço alguns.
De um dos que hoje saiu, reza a minha tristeza e a minha esperança.


Parto do universal princípio de que não somos todos iguais e de que reagimos de forma diferente perante as mesmas situações. Passemos já essa parte à frente. Falo de mim e como é pelos meus ohos que vejo o mundo, é pelo que sinto que (tento) prescutar os estados de alma de quem me rodeia.

Sou dependente de sol, do barulho do mar, do pouco frio que por cá se sente. Sou  dependente da (nossa) solidariedade, do (nosso) pacifismo, da (nossa) solidariedade, da boa-vontade, da hospitalidade, da simpatia e até (pasme-se) da forma como aceitamos o que alguém vai decidindo por nós. Acredito que se chama educação, civilização. Aceitamos porque se chama democracia este país de sol e mar. Não que concordemos ou sejamos a favor.

Sou, no entanto e acima de todas as coisas, dependente da minha família, dos meus amigos e das que considero serem as minhas pessoas. Não sei e nunca vou saber lidar com distância física, com ausência, com privação de contacto físico. E aqui  (venham as mais científicas teorias contradizer) não acredito que haja alguém diferente; podemos, sim, lidar de forma mais ou menos racional (irónico, isto de lidar de forma racional com o que é sentimento) com a ausência e a saudade, mas não haverá ninguém que prefira à distância à presença. Ninguém.

Hoje, o B. partiu. Não fosse ter ido para a mais linda cidade do mundo e ter-lhe-ia dado uma tareia... Sei que teve de ir, que este país (que tem tanto de bom como de anormais governantes maus) diz não ter lugar para ele. Não mo disse, mas sei que levou o coração apertadinho. Porque a família, os amigos, as suas pessoas, ficaram por cá...

B., este é, efetivamente, um tempo estúpido, de gente parva e que desperdiça o que és. Para ti, quero o mesmo que para o meu irmão (ai...e a falta que vais fazer-lhe...): a maior sorte do mundo, a certeza de que, mal seja possível, farás o caminho de regresso a casa e, acima de tudo, que sejas sempre muito, muito feliz. Se não formos visitar-te (e sabes como gosto de Paris) será apenas sinal de que já estás por cá... E isso far-me-á muito feliz a mim!

Por agora, fica uma garrafa à tua espera lá em casa, para brindarmos, bebermos e comemorarmos o teu sucesso. Iremos acompanha-la de mais um abraço, muitas histórias e a certeza de que é de pessoas como tu que esta terra precisa. Até já, para um cafezinho na aldeia. Na nossa.

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