Dos cheiros




Há duas coisas que, mesmo de forma inconsciente, associo a pessoas e a momentos: os cheiros e as músicas. É algo que provoca uma reação imediata e que tanto pode despertar a saudade, como o sorrisinho associado à recordação.





Sei a que cheira o meu irmão, a que cheirava a minha Mãe. O primeiro abraço cheira a CH e a tua pele é o meu melhor perfume. Sei o cheiro de casa quando entrei pela primeira vez e que a canela cheira a Natal. O mar não tem o meu cheiro em todo o lado e o mar do (meu) norte cheira a rebentação, a paz e a tardes de sol de inverno. A Régua cheira a comboio na estação e a Rua de Santa Catarina a castanhas assadas no inverno. A cantina da escola cheira a massa cozida e a borracha dos puzzles (sweet 80's) cheira a ginásio novo. O creme nívea da lata azul é a minha Avó e o hospital de dia do IPO será sempre Coco Mademoiselle. Ah! E pipocas...sábado à noite tem cheiro de pipocas acabadas de fazer!


Entramos, anteontem, numa perfumaria e ali viajei no tempo. Muitos frascos têm um rosto. Ou de quem transporta o aroma ou de quem mo ofereceu. (gosto de perfumes. fazer o quê?) Outros têm momentos, histórias. Não passam de combinações de aromas e são, em mim, tanto, tanto…


Voltei ao DKNY, alguns anos depois. Cheira a férias com tempo marcado, almoços de domingo, sessões de cinema à meia-noite, tardes na esplanada e a maior gargalhada do mundo.





* A este propósito, escreveu Agustina Bessa-Luís o seu Dentes de Rato. Belo presente de Natal para meninos dos 7 aos 10.

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