por aqui, não se bate


 



Por aqui, desde cedo, só há uma política: a do “não se bate”. Há uns meses largos, a Mimi levantava a mão e a resposta foi sempre a mesma: - Mimi, não se bate! – A mãe bate? – Não. – O pai bate? Não! – Então, a Mimi também não bate.






Tem resultado. Acreditamos que a palmada não é o caminho certo. De todo. Vai, quando é necessário “pensar no que fez” e, quando percebe que tem de acatar a nossa decisão, levanta-se, vem ter connosco, pede desculpa e voltamos ao ponto onde tínhamos ficado. Não, não é fácil. Quantas vezes, levados ao extremo pela teimosia dela, cansados no final do dia, nos apetece dar uma palmadinha. Mas não é pelo fácil que vamos. Queremos que seja pelo exemplo, porque tem que saber o que não se faz e o que se faz; o que é errado e o que está certo.

Vai aprendendo. Quando, no limite, perguntamos se quer levar uma palmada, responde rapidamente que “não se bate”. Tudo certo. Até há duas semanas.

Começou por aninhar-se a dizer que não queria ir à escola. Passou rápido. No dia seguinte, aumentou a insistência. Ao terceiro, quarto dia, chorou. Estranhámos. Sempre quis ir à escola, mesmo quando não é dia de escola. Tentámos perceber e não foi difícil. – Os meninos batem.

Sabemos que faz parte desta fase (convictos, porém, de que comportamento gera comportamento; algures viram alguém bater). Mas sabemos, mais ainda, que não é por aí que queremos ir. Os meninos batem na Mimi, mas a Mimi sabe que não pode bater de volta. Percebemos que estava, à sua altura, no dilema do “por que é que eles podem e eu não posso”.

Falámos com a Educadora. Conversámos, muito, com a Mimi. Explicámos que, quando acontecesse, deveria chamar uma pessoa crescida e que deveria, sobretudo, dizer aos amigos que isso não se faz. Obviamente, custa vê-la mais tristonha ou zangada com atitudes de meninos e meninas que deveriam agir como ela. Sem quaisquer julgamentos aqui. Cada mãe/pai saberá o que quer e por que caminho pretende ir. O nosso é o da não violência total. Não fazemos parte da equipa do se te baterem, dá de volta.

[escrito precisamente no dia em que, na entrada da creche, vi uma mãe dar uma sonora palmada numa pequenina que, obviamente, não tinha mais do que três anos. Chorou copiosamente e eu com vontade de enchê-la de beijinhos. Fico doente e é a mim que apetece bater-lhe. à mãe.]
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