da preparação que nunca há de chegar



No passado dia 25, tivemos a consulta dos dois anos com a querida pediatra da Mimi, a Dra. Sónia. Tudo ótimo. Foi uma consulta bem simpática, com a Maria a mostrar o seu mau peculiar feitio, a fazer rir a Dra. Sónia, que se mostrou bem feliz por ver que, vinte e quatro meses depois de ter dado alta da maternidade a um frágil ratinho (com um rol de indicações que deveríamos seguir à risca, de tão pequenina que era), estava ali agora uma miúda desenrascada e perspicaz, faladora e agitada, cheia de energia e a mostrar do que é capaz.

Três dias depois (três…), o Rui pergunta-me se me havia apercebido de que a Mimi estava a coxear. – Não, não dei conta! No final do dia, já em casa, verificamos que sim. Coxeava e muito. – Mimi, dói a perna? – Não! – A Mimi caiu? – Não!

Sexta de manhã, nem parada parecia ter equilíbrio. A imagem era mesmo que uma perna estava mais curta do que a outra. Mensagem para a Dra. Sónia e pequena tentativa de diagnóstico pelo telefone e é melhor ir à urgência.

- Mimi, vamos à Dra. Sónia! – Xim, Sónia. (quanto não vale uma médica meiguinha)
Não íamos à Dra. Sónia mas foi a forma de a levar bem disposta. Mentirinhas desculpáveis…

Perguntas costumeiras: esteve doente nos últimos tempos? Não. Constipada? Não. Diarreias? Não. Febre? Alergias? Não. – Ah, mãe. Vai dizer-me que uma bebé de dois anos nunca fica doente? – Efetivamente, não. É muito raro a Maria ficar doentita e, se acontece, é sempre ligeiro. (Sim, temos sorte, é verdade.) Estivemos, aliás, há quatro dias na consulta e comentámos isso mesmo. Passado este gelo inicial, a Mimi foi vista e revista. Sim, coxeava bastante. - Em princípio, passará em sete, oito dias. Vão fazer isto e isto e, caso não passe, voltam.

Não estamos preparadas(os) para imperfeições ou dúvidas. Não estamos. Passei uns dias de coração apertadinho, a olhar para aquelas pernocas e a vê-las coxear. E o coração apertava mais um pouquinho. Sei que não doía, que não havia mossa, que ela nem se apercebeu e que continuou nas suas corridas e saltos loucos do dia-a-dia. Mas eu sim. Sei que há coisas piores, que passaremos, talvez, por elas. Mas sentir que algo não está a funcionar devidamente e que isso é tremendamente visível, custa. E custa não ter a garantia de que vai passar em x dias.

Passou. A Mimi, em menos do que o previsto, voltou a andar normalmente e o compasso do nosso coração tornou ao ritmo do (quase) sempre.

(A Mimi teve uma sinovite transitória da anca. Uma pequena inflamação que se aloja e que não causa outros constrangimentos para além do coxear e do aperto no peito dos pais.)
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