♡ ao meu 9.º A ♡

 

Encerro hoje um dos capítulos mais bonitos da minha vida. Arriscaria dizer que o mais bonito dos que já encerrei.

Foi desta forma que iniciei a mensagem com que me despedi do grupo de alunos que tive oportunidade de acompanhar de perto nos últimos cinco anos. Merecem que lhe deixe, também, este registo público, eterno, de gratidão e de orgulho.

Conversava, nesta mesma manhã, sobre o privilégio que é ser professor(a) [a profissão que, afinal, nunca quis]. Dizíamos, nessa conversa de professoras, que é tão bom poder tocar a vida de tantos quantos se sentam diante de nós, para aprender o tanto (e o tão pouco, ao mesmo tempo) que temos para partilhar. Acrescentaria agora, depois de mais um dia emocionalmente complicado, que temos, afinal, o privilégio de ser tocados, marcados por cada um dos nossos alunos! E o bom que é!

Peguei nestes miúdos há cinco anos: miúdos fixes, com olhos de quem chega a um mundo novo, cheios de dúvidas, receios e ansiedades. Aprenderam gramática e mergulhámos em livros mil. Fizeram asneiras, zanguei-me com eles. Viajámos, descobrimos coisas boas e outras que nem tanto. Souberam, quase em primeira mão, que havia uma Francisca a crescer com eles e, logo de seguida, um pandemia testou a nossa resistência.

Percebi-lhes as angústias, as descobertas, os desamores e os amores. Partilhámos segredos (perdoem-me, queridos Pais), trocámos confidências e construímos sonhos. Fui-me (re)vendo em cada um deles, diariamente.

O corpo cresceu, a voz engrossou, apareceram as borbulhas e ficaram mais altos do que eu. Lá dentro, o mesmo coração generoso, capaz de escutar e querer ser sempre mais. Fomos vendo que o mundo não é das cores do arco-íris, mas que temos a responsabilidade de torná-lo sempre menos cinzento. Pedi-lhes que ousem, que sejam sempre melhores do que no dia anterior, que perscrutem o outro e lhe estendam a mão.

Tive o período letivo mais difícil que pude imaginar. Contive, amiúde, as lágrimas (até ao último momento, em que, copiosamente, me escorreram, descontroladas, durante longos minutos). Sofro a antecipação da saudade e, sobretudo, sinto o nó na garganta de uma gratidão desmedida. Cresci à medida que cresceram. Fui melhor sempre que se tornaram melhores. Aprendi muito do pouco que ensinei. Recebi tão, mas tão mais do que dei. Em cada brilho no olhar, em cada dúvida, em cada pedido, em cada cumplicidade. Fomos, cada um à sua medida, muito cúmplices! Deram-me, quando precisei, sem o saberem, as respostas de que precisava. Nunca me falharam!

Todos os alunos são especiais. Mas há, efetivamente, os que, pelas contingências de alguém nos ter juntado, os que se tornam um pouco mais meus.. Sou, hoje, uma parte grande do que me deram. Espero que sejam um pouquinho do que fui capaz de dar-lhes!

Deixo, hoje, voar gaivotas corajosas e delicadas, a quem queria manter debaixo da asa, egoísta que sou. Disse-lhe tantas e tantas vezes que não lhes fiz nem disse nada que não quero que, um dia, digam e façam às minhas filhas. Passámos, afinal, mais tempo juntos do que nas nossas casas. Trouxe-os comigo, no pensamento, quando a preocupação me invadia. Trouxe-os comigo, no coração, quando me  enchiam de orgulho. Trouxe-os sempre comigo! Nunca soube – nem quis – fechar a porta no final do dia, para reabri-la no dia seguinte! Desde o primeiro dia.

Poderão, um dia, não saber orações, tempos verbais, passar da ativa para a passiva. Não me zangarei. Saibam sempre, isso sim, ser pessoas boas, dar sempre o melhor que têm e pôr, em tudo, o coração em primeiro lugar.

Vão fazer-me muita falta, miúdos! Talvez não tenham mesmo a noção do quanto. Foram os melhores companheiros que podia ter tido nesta viagem de cinco anos. Obrigada, meu querido 9.ºA! Do fundo do coração (agora, apertadinho, mas tão cheio de coisas boas).

♡ Ao Alexandre, à Alina, à Beatriz, à Bianca, ao Frederico, ao Gabriel, ao Guilherme, à Inis, à Joana, ao Elielson, ao Elieny, à Lara, ao Leonardo, à Duda, à Marta, ao Martim, ao Ricardo e à Sofia: até já! ♡

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