Hoje é o teu dia ♡

 


A Mimi faz seis...

Onde é que eu me desencontrei do tempo, miúda? Houve, certamente, uma curva que fiz demasiado devagar ou, talvez, um atalho em que não reparei. Nasceste anteontem e amanhã vais para a primária. [a mãe é uma pessoa antiga, que ainda diz escola primária e acha uma expressão bonita].

És uma miúda gira! Também pelos teus olhos  verdes, o teu cabelo louro, a tua expressão envergonhada e sorridente. Mas, sobretudo, por quem és, pelo que tens aí dentro e que, espero, amadureça da mesma forma como tens crescido.

É bonita a forma como te constróis. Aos poucos, tentas contrariar os receios, contornas o que te aflige e vais em busca do que possa tranquilizar-te. Nem sempre consegues, é certo, mas são apenas seis as voltas ao sol que deste. Até eu, por vezes, me esqueço de que são apenas seis! Desculpa...

És uma miúda preocupada. Gostas dos outros e gostas que tudo esteja sempre bem. Gostas de saber que o mundo está no caminho certo, questionas o porquê de não estar e isso dói-te. Sabes que o Afeganistão chora muito, que as meninas não podem estudar, que os incêndios destroem os sonhos, que há quem nade para fugir e desconheça o destino, que a violência não se justifica, que uma parte das notícias são demasiado duras para quem ainda percorreu uma estrada pequenina. Absorves este mundo cinzento, questionas e não entendes. Hás de ajudar, mais ainda, a que tenha um pouco mais de cor, continuarás a questionar e entenderás uma parte. O todo não se explica, querida Mimi. Não há explicação!

És uma miúda atenta. Ouves o que não se diz e, não sabendo ainda ler, já conheces algumas entrelinhas. Lês os olhos e o coração e, mais do que isso, não podemos querer.   

És uma miúda cuidadora. Pudesses e amparavas o mundo. Não podendo, vais amparando a Kiks furacão que agita a serenidade de quem és. Cuidas os amigos, entendes a diferença e tentas fazê-la igualdade e, assim, nos vais mostrando que está tudo certo.

És uma miúda polícia. Já damos por nós a pensar no que vamos dizer, pois há, em ti, um lápis azul que censura todas as palavras que não devem ser ditas (e bem, atenção. Oxalá, fiques assim para sempre e Camões orgulhar-se-á muito de ti). Esse teu lado polícia alarga-se aos prevaricadores das regras sociais. Indignas-te com quem não cumpre, com máscaras que não estão no sítio, com quem se aproxima, com multidões. Tudo legítimo, mais do que certo. Afinal, estamos nisto há ano e meio e ainda há quem brinque!  

És uma miúda companheira. Qualquer programa, para ti, é ótimo e adotaste o verbo ir como leme do teu barco. Falamos, rimos, zangamo-nos, pedimos desculpa, damos abracinhos e seguimos. Gostas de dançar, de ritmo acelerado (a quem sais tu?), de espetáculos e de tudo o que possa fazer-te ver mais longe.

Também tens defeitos, pois claro. Mas esses, deixamo-los para outras conversas, que hoje é dia de festa e de celebrar o que de melhor tens. E é tanto e tão bom, que não vale estragar...

Os próximos 365 vão ser um desafio que, tenho a certeza, vais superar com distinção. De forma discreta, quase tentando não ser vista, num tom de voz tímido e que se faz notar. É assim a Mimi que hoje faz seis e que, em cada momento dos nossos dias, me ensina que a serenidade é o caminho, que o brilho nos olhos é o que de melhor podemos dar e receber. É assim a Mimi que me acompanha nos sonhos, que reza ao seu Anjo da Guarda, que também acredita que É urgente o Amor, que gosta de brincar e nadar e saltar e dançar e de cócegas, que olha os outros com o coração, que envolve a mana no melhor abraço do mundo e que sabe que o seu lugar é sempre aquele onde se encontra.

Parabéns, miúda! Dá cá a mão. Vamos continuar a caminhar!

Ama tu! 

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