Parabéns, Amor pequenino ♡
Um dia depois da Páscoa. Pouco
mais de um mês depois de nos fecharem em casa. No meio de uma loucura mundial
nunca vista, chegaste – com dia e hora
marcadas, que a Mãe não gosta de surpresas -, berraste muito, continuaste a
berrar e, imagina só, um ano depois, continuas a não ter problemas em fazer
notar a tua voz. Ai, doce Kiks... trovoada... tempestade... doce, de novo. Ai,
querida Kiks....
O mundo mudou, meu Amor. Só que
não chegaste a tempo de vê-lo como era antes. Contar-te-emos, talvez, se valer
a pena. Contar-te-emos, certamente, se a tua curiosidade se mantiver e o teu
olho continuar atento ao que te rodeia. És um desafio, tu! Não serás o maior
desafio do mundo, mas vais lançada para o pódio. E, parece-me, também não
gostas de perder. Vamos ver se estamos à altura...
A Mãe não te escreve muito. Coisas tontas que
se vão sobrepondo, mas fica o registo da memória e, sobretudo, o do coração. (a
promessa, também, de que o papel verá ainda as tuas memórias.) Mas não és
fácil, tu, Kiks da nossa vida. Está ainda por decifrar de onde vem a imparável
energia com que assinas os teus e os nossos dias.
Vou contar-te – encosta-te
a mim: és uma bebé doce. Não houve muitas dores de barriga e a maior
preocupação foi o pequeno bebé que decidiste ser. Estás a melhorar, claro. Vê
lá que hoje, doze meses depois, a roupa de seis já te fica bem. Fantástico,
sobretudo porque, assim, conseguimos usar todos os fofos e bodies e coisinhas de
derreter que só os bebés usam. Sempre o lado bom da vida!
És uma bebé doce. Ris com uma facilidade desmedida e ris
muito. Acrescentemos, pois, que és uma bebé feliz. Ris quando acordas, depois
de bater nas grades da cama, para que todos saibamos que há dia lá fora. Ris
depois, quando, num abraço apertado, a Mimi confirma que há mesmo dia lá fora.
Ris ainda quando chegas à escola e os teus braços colam aos de quem te acolhe.
Têm nome e, um dia destes, terão aqui também o seu lugar. Ris com os amigos,
quando brincas, ris quando vamos buscar-te. E voltas a rir muito quando os teus
olhos encontram, de novo, a Mimi e, na direção oposta à da manhã, os teus
braços colam ao seu abraço. Ris no banho, no jantar e ris a cada conquista.
És uma bebé doce, mas, às vezes, não. Há, em ti, um furacão
que desperta várias vezes ao dia. Desconhecemos ainda a origem, mas havemos de
lá chegar. Já fomos três para conseguir mudar uma fralda. Três, Kika Maria!
Vestir é uma empreitada que nunca sabemos como termina. Vestir depois do banho
é o momento hercúleo do dia. Os amigos já sentiram a rapidez da tua mão. Vários
pratos de sopa também. Sobes e desces e trepas e corres e cais e levantas e
desafias as leis variadas do universo, enquanto – por tempo indefinido – vamos
confirmando que também a esta menina põe-lhe
Deus a mão por baixo.
És uma bebé doce, que entrou num comboio meio desgovernado,
mas a quem fazemos questão de mostrar que vale a pena a paisagem. Já ouviste
mais de Camões do que muitos alunos, colaboraste na prática gramatical,
enquanto a mãe fazia o circense exercício de manter o equilíbrio de uma aula
adaptada para bebés. Confusa, Kikinha? Chama-se pandemia e, no meio dela, o teu
ano de vida passado à distância da nossa janela, entre aulas online, passeios à
volta do bairro, arco-íris que foram perdendo a cor e a enorme vontade de
tornar normal o que não é natural.
És uma bebé doce, numa amálgama
de travessura e resistência. Acabas este ano com o enorme sorriso da descoberta
e isso, sim, vale mais do que um tesouro.
Parabéns, querida Kika!
*Sabes? Por vezes, és Kikinha; outras Kiks Mary; a querida Vina chama-te minha Kikó; para a mãe, és a Kiks; e, quando há cinzento no ar, até
Francisca Maria. O melhor? É que respondes sempre e sempre a sorrir! Coisa tão
boa...
♡ ♡ ♡
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