Feliz dia desta Mãe ♡


Na sexta-feira, depois de festejar o Dia da Mãe no Colégio, com a Mimi e outras tantas mães babadas, dei por mim a olhar para trás e a confirmar (outra e outra vez) que a riqueza do mundo está mesmo na diversidade. Nada melhor do que estes dias para que a reflexão aconteça.

Esta mãe não é o protótipo ideal da mãe. Desde o primeiro minuto, querida filha. Deste-me nove meses (quarenta semanas e um dia, para ficar bonito) perfeitamente iguais a quaisquer outros. A mãe não sabe o que é estar grávida, sem ser pela gigante barriga que fez. Trabalhei até uns dias antes (com a médica, sempre com ar de surpresa, a perguntar se não achava mesmo que tinha de parar), fui de férias quinze dias antes da data prevista (com a médica, novamente, a ajudar na loucura), fui para o hospital com hora e dia marcados, com os meus livros e a minha música.

Esta mãe não sabe o que são dores (e espera não vir a saber) e é, por vontade própria, do team cesariana. Lembro-me do ar de surpresa da enfermeira quando lhe perguntei se não podia ficar tudo como estava, a Mimi lá dentro e eu tranquila. – Deixe lá isso assim! Eu volto para casa e ficamos todos felizes na mesma. Ela riu, eu também, mas era mesmo o medo a fazer-me verbalizar o que sentia. Nada de engraçado tem um hospital, mesmo que seja para uma criança nascer (mas isto sou eu, claro, que penso).

Esta mãe não queria dar de mamar (e não sabe se, havendo oportunidade, voltará a fazê-lo). E não... nada de teorias que é o melhor do mundo porque blábláblá... Não é. E só piora mesmo quando meio mundo se põe a olhar como se estivesse a ver a Mona Lisa, no Louvre. Errado. Muito errado. Para mim, claro. Para quem é super-hiper-mega espetacular...ótimo na mesma. Admiro. Mas não queria ser igual. Ah! E as defesas da menina, pobrezinha? Ótima! Zero faltas ao Colégio, febres contam-se pelos dedos de uma mão, energia para encapsular e, talvez, vir a vender. Espera lá... e aquela maravilhosa e etérea relação que se cria, enquanto a criança se alimenta? Pois... não sei... mas mais menina da mamã do que a Mimi é, parece-me difícil. Creio, pois, que também resulta com leitinho em pó.

Esta mãe, menos de um mês depois de o ser, dava explicações com a Maria no sling. Desde cedo, sabe de literatura como de gramática, que foi ouvindo entre chichis, cocós, muita berraria e boas sonecas. Sou a favor do contacto precoce com o conhecimento. Espero que, no mínimo, declame Camões antes dos seis anos.

Esta mãe deixou, sem culpas, a Mimi na creche aos quatro meses. Se podia ter sido aos cinco, aos seis? Podia. Até podia fazer ensino caseiro, que a profissão serve para o propósito. Mas não... escolinha com ela. Se custou? Pois, claro, que o coração da mãe não é de pedra. Mas há vida para levar adiante, cérebro para manter ativo, relações para manter e, sobretudo, só damos aquilo que somos. E vou muito para além de fraldas, biberons (que aos quatro meses já funcionavam em pleno), cólicas e músicas de embalar. Estar em casa não é o meu ideal. E, filha de sua mãe, Maria vai pelo mesmo caminho.

Esta mãe levou a Mimi para a piscina ainda longe de andar pelo próprio pé. Pobrezinha (de novo) e o frio e as diferenças de temperatura e a bicheza que por lá existe... Tudo certo. Nada lhe pegou. Continuamos (a bater na madeira) sem saber o que são otites, constipações, alergias. Sorte de principiantes, nitidamente.

Não sei se será por tudo isto que a Mimi é uma desenrascadona. E decidida.  Sabe o que quer e como quer. Independente é o seu nome do meio. Por aqui, tudo se faz enquanto ela se senta na sua mesinha e trabalha. Ou pinta. Ou lê histórias. Sem que chame alguém ou precise que lhe peçam o que quer que seja.

Não sei se será por tudo isto que a Mimi é feliz, onde quer que esteja. Dizia-me a Mãe de um amiguinho que – O Manuel diz, em casa, que a Mimi é a colega que mais gosta da escola. Está sempre feliz. Não sei se é a que mais gosta, mas que gosta, sem dúvida. Não há dia em que não queira ir, como não há dia em que não resista no momento de sair. Sempre só mais um bocadinho.

A Mimi tem a melhor mãe do mundo. Sem falsas modéstias. É a mesma mãe que não queria dar-lhe de mamar, que a levou para os braços de uma educadora quando tinha quatro meses, que vai com ela para dentro da piscina há três anos, que a deixa na escola mesmo quando vai ficar em casa, que a deixa tomar banho sozinha, que não a deixa comer doces, que lhe fala da morte como lhe ensina a Vida.

Esta mãe, que hoje acordou com um abracinho apressado (que as panquecas do Pai são bem mais importantes e, na verdade, a mãe está aqui todos os dias e panquecas são só aos domingos), é a mãe que apenas quer que a Mimi enfrente os desafios de forma audaz e saiba baixar os braços quando também é necessário fazê-lo. Se esta mãe faz todos os dias um bom trabalho? Não, claro que não. Mas é exatamente esse o caminho.

Esta mãe que hoje (também) se celebra é a mãe que apenas quer que a Mimi seja uma pessoa boa, capaz de olhar os outros e olhar pelos outros, repeitando o que de bom a vida tem. Que seja uma pessoa boa, sempre. E a missão, assim, será bem cumprida.

[Apesar de escrito no singular, tudo aconteceu sempre no plural. Hoje, é a mãe que escreve mas tudo acontece sempre em par. E, para que um dia a Mimi (nos) leia e saiba como foi o início, fica para memória futura.]

Feliz Dia da Mãe, querida filha. Afinal, para mim, só o é porque Tu és!
♡♡♡

Comentários

Mensagens populares