Presentes do Menino Jesus

Não sendo apreciadora do Natal, acaba por ser impossível permanecer alheada ou indiferente à época, sobretudo depois de a Maria ter nascido.   [Aliás na verdade, ainda antes, pois foi precisamente dois dias antes do Natal que soubemos que tínhamos um belo presente a caminho.]

A Mimi não tem ainda consciência do que é ou o que simboliza esta época. Não pede presentes nem escreve cartas a ninguém. E nós não tentamos sequer que ela o faça. Tem tempo de crescer e de ser pedinchona (e ouvir muitos não's). Mas tem sobretudo tempo de perceber que, especialmente neste mês, deve olhar os outros com maior atenção ainda, saber que há quem não tenha o que ela tem e, acima de tudo, quem não saiba o que é o calor que se consegue sentir no meio do frio de dezembro. E isso, sim, vamos fazendo que ela perceba, ao seu jeito pequenino. E vamos sentindo que percebe. Ainda hoje o senti.

No ano passado, não lhe demos prendas. Há dois anos também não. Sabíamos que iria ter as prendinhas da família e dos amigos. Ter muito significa desvalorizar. E não queremos, nunca, que isso aconteça. Queremos que brinque, claro, mas que perceba que, com poucos brinquedos, tem muito. Pequeninos, mas com o maior valor do mundo.

Depois, há o Pai Natal. Com ele, travamos outra luta sem vantagem. Mas mantemo-la, guardando o doce que isto dos presentes pode ter.

– Quem vai dar as prendas, Mimi?

– O Menino Jesus.

Não somos contra o Pai Natal. É um fofo, simpático, que dá colo a meio mundo e tira mais fotografias do que todos os noivos do mês de agosto em conjunto. A Mimi é bombardeada com o senhor das “bacas branquinhas” a todo o instante. Mas é tão mais aconchegante e verdadeiro ouvi-la dizer que o Menino Jesus irá trazer as suas lembranças. O que é Natal afinal? Não conta o Menino que nasce?

Manter-nos-emos assim, enquanto pudermos. E se acreditamos que a resiliência serve de alguma coisa, acreditamos também que, por algum tempo, o Menino Jesus trará algumas prendas à Maria, aos amiguinhos e, queríamos muito, até aos outros meninos que não O conhecem nem sabem o que é brincar.

Quando, daqui a dois ou três natais, fizer perguntas e quiser ver o que está dentro do saco vermelho, no meio do trenó, dividiremos os louros… O Menino Jesus não se importará e o Pai Natal agradece!

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