Papéu ★
A Mimi fala
relativamente bem. É uma tagarela desde que acorda até que vai dormir, vê-se
que tem prazer em verbalizar o nome das coisas e, sobretudo, em dizer palavras
novas. Conseguimos perceber quase tudo o que diz, o que é bom para não termos que
fazer muitos jogos de adivinha lá o que é
que ela quer.
Ontem, quando fui buscá-la ao
Externato, precisava mesmo de ir à casa-de-banho e aproveitei para ir a uma,
junto à secretaria. Como estávamos só as duas, tive de levá-la comigo. Ora,
estava eu sentadinha, quando ela estica o dedo, aponta para a minha direita e
diz papéu. Digo-lhe que não tinha
percebido e ela repete: papéu. Dou um
pouco de papel higiénico, que ela prontamente coloca no caixote do lixo (uma
limpeza, esta minha filha) e volta a pedir papéu.
Achei que seria uma coincidência.
Já em casa, em frente ao pai, peguei em papel de cozinha e perguntei o que era.
Papéu. Ah! Mas certamente só
conheceria papéis deste género. Vai de pegar num envelope e testar a pequena
papagaia que habita na Mimi. - O que é isto? - Papéu.
E pronto. A Mimi também diz papéu. Nada de surpreendente, bem sei.
Surpreende-me apenas a escolha da palavra para assimilação nesta fase, sendo que nem me
parece que a ouça assim tantas vezes. Talvez lhe tenha agradado a sonoridade.
Hoje, repeti o teste (que eu sou
ainda incrédula em muitas coisas). Veio ter comigo com uns papéis na mão. –O que
é isso? – Papéu.
[por aqui, acreditamos, desde
sempre, que o bom ouvir produz o bom falar. Não tivemos, por cá, cutxi-cutxi’s
nem pipipi’s. A Maria nunca foi papar
nem tão pouco comeu xixa (é assim que
se escreve?). Chamamo-la para comer e dizemos que vai ser carne. Não esperamos
que declame Os Lusíadas aos três anos
– embora devesse – mas sim que assimile as palavras e as frases de forma
correta. E, parece-nos, está a correr bem!]
♡♡♡
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